CULTURA

Piedade abre desfiles do grupo especial do Carnaval de Vitória

Em seguida, desfilaram Jucutuquara, Mocidade Unida da Glória (MUG) e Bia Vista.

Em 16/02/2020 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: Secom/PMV

Antes do início dos desfiles das escolas de samba do grupo especial de Vitória, na noite de sábado (15), o mascote da Secretaria Municipal de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana (Setran), da Prefeitura de Vitória, "Edu", desfilou na passarela do samba para levar a mensagem do perigo de misturar álcool e direção.

Ele esteve acompanhado dos técnicos da Gerência de Educação para o Trânsito, cuja equipe levou plaquinhas com mensagens educativas para o público e também colocou um painel na entrada para as arquibancadas do Sambão do Povo com a seguinte frase: "Táxi: me pega na saída, se beber não dirija".

PIEDADE ABRE OS DESFILES

Unidos da Piedade canta Franciscos que fizeram história

Com um samba-enredo emocionante, a Unidos da Piedade iniciou o desfile das escolas do Grupo Especial pontualmente às 22h deste sábado (15) homenageando grandes personalidades do Brasil e do mundo com um nome em comum: "Francisco's".

O carnavalesco Paulo Balbino explicou que seu samba é, na verdade, uma mensagem de paz e fraternidade para a comunidade e todo o Estado.

"Inicialmente falaríamos apenas da oração de São Francisco, mas com as pesquisas vimos muitos outros Franciscos que lutaram por causas humanitárias e são fontes de inspiração para todos", afirma.

Apesar de a escola mais tradicional de Vitória entrar com muita garra no Sambão, colorindo a avenida de verde, vermelho e branco, alguns problemas durante o desfile podem prejudicar a nota final da Unidos da Piedade

Em cada destaque de chão, a escola apresentava um novo Francisco. Foto: Carlos AntoliniPMV

Um dos carros alegóricos quebrou, deixando um espaço maior que o esperado entre duas alas durante o desfile.

Outro momento de tensão foi o desmaio da primeira porta-bandeira, Layla. Apesar do susto, ela se recuperou depois.

Mesmo com essas dificuldades enquanto acontecia o desfile, a escola não desanimou e levantou o público das arquibancadas e dos camarotes, que cantavam juntos "Oh Piedade seja porta voz nesse momento que se plante mais amor para afastar o sofrimento."

Desfile

Com 2.000 integrantes, a Unidos da Piedade abriu o desfile com duas alas coreografadas e um carro alegórico representando São Francisco de Assis.

Em cada destaque de chão, a escola apresentava um novo Francisco e sua luta. Assim, a escola levou para a avenida Chico Xavier, psicografando palavras como "Amor", "Liberdade" e "Piedade", dentre outras.

Outro Francisco lembrado  foi Chico Mendes, com carro alegórico e uma ala voltada à natureza e à comunidade indígena que o ativista defendia.

O último Francisco homenageado pela escola foi o Papa Francisco, que tem ganhado notoriedade por seu discurso enfatizando a humildade e a solidariedade.

JUCUTUQUARA

Escola de Jucutuquara destaca força dos negros para quebrar jejum de títulos

Uma das escolas de samba mais tradicionais do Carnaval de Vitória, a Unidos de Jucutuquara foi a segunda agremiação a desfilar no Grupo Especial e veio com tudo na luta para quebrar o jejum de 11 anos sem títulos.  A escola, que completou recentemente 48 anos de fundação, levou para a passarela do samba o enredo "Griot", mostrando e valorizando a arte, a força e a história dos negros, como dizia o refrão do samba-enredo:

A Jucutuquar é uma das escolas de samba mais tradicionais do Carnaval de Vitória. Foto: Secom/PMV

"Era uma vez” um baú de memórias
Preservando a essência em mais uma história
Ensinamentos, trajetória revelou
Griot guiou, guiou..."

Orgulho

"Desfilo na escola desde 1999. É sempre uma emoção estar na avenida. Me sinto muito orgulhoso em vir como destaque no primeiro carro. Eu amo a Jucutuquara", comentou Welligton Pereira.

"É um momento maravilhoso desfilar. Desfilo há mais de 28 anos na mesma escola e, quando dá sinal verde, eu entro em outro mundo. Ainda mais que eu torço pela Jucutuquara; Me sinto ainda melhor por isso", disse a destaque de um dos carros da Jucutuquara Bety Ruska. 

"Desfilo desde os meus 12 anos. É um orgulho para mim. Para mim estar desfilando é maravilhoso. Representa vida", afirmou Matilde Ribeiro Rosário, 84 anos.

Apesar de ter contagiado o público com seu samba, o último carro da escola apresentou problemas e acabou prejudicando a evolução no fim do desfile. 

Desfile

Em busca de seu oitavo título, a Unidos de Jucutuquara desenvolveu um enredo sobe os Griots, sábios africanos responsáveis por guardar e transmitir conhecimentos tradicionais. Eles tinham o compromisso de preservar e transmitir histórias, fatos históricos e os conhecimentos e as canções de seu povo.

O desfile foi marcado por homenagens a personagens como Mercedes Baptista. Foto: Secom/PMV

Algumas figuras permeadas em todos os setores estavam diretamente ligadas à questão da representatividade africana. A ideia foi mostrar o negro como protagonista, contando sua própria história.

O desfile foi marcado por homenagens a personagens como Mercedes Baptista, que mistura a dança do Orixá com ballet clássico, e ao Ile Aiyê, bloco que resgata toda ancestralidade negra.

Outros "Griots" lembrados na avenida foram Machado de Assis, Elisa Lucinda, Abdias do Nascimento e Pantera Negra (super-herói negro dos quadrinhos que vive em Wakanda), entre vários outros nomes. Um dos setores ainda trouxe a produção artística da juventude negra nas favelas, o movimento hip-hop, samba e grafite.

A escola veio com várias novidades para embalar a noite dos foliões, como Celso Júnior, novo intérprete oficial, e os carnavalescos Jorge Mayko e Vanderson Cesar, em seu primeiro ano como responsáveis pelo desenvolvimento do desfile da "Coruja". A dupla caiu nas graças do público nos últimos quatro carnavais devido ao bom gosto e à facilidade de transformar o pouco em muito.

"Estou estreando este ano na Jucutuquara e estou achando tudo incível. Este ano pensamos em trazer a estética africana bem diferente e acredito que conseguimos essa proposta. A escola vem muito colorida e extrovertida", afirmou o carnavalesco Vanderson Cesar.

"A escola fala da ancestralidade africana e dos negros que produzem história e conteúdo. O negro como protagonista daquelo que ele produz", acrescentou Jorge Mayko.

A Jucutuquara veio com 18 alas, 4 carros alegóricos, 2 casais de mestre-sala e porta-bandeira e 1.500 componentes.

MOCIDADE UNIDA DA GLÓRIA (MUG)

MUG faz desfile grandioso explorando tradições e lendas indígenas

Com carros grandiosos, fantasias multicoloridas e coreografias ousadas, a Mocidade Unida Glória (MUG), terceira escola da noite deste sabado (15), mostrou que está na disputa por mais um título do Carnaval de Vitória. Pela empolgação do público, que cantou com a escola durante todo o desfile, a vermelho e branco fez mais um grande Carnaval.

A MUG levou 1.600 componentes para o Sambão do Povo. Foto: Secom/PMV

Como todos os anos, os elementos dos carros faziam movimentos articulados com shows de luzes, fumaça e chuva de papel picado. O espetáculo só não foi perfeito no final: os participantes tiveram de correr, literalmente, contra o tempo, na parte final da avenida.

Segundo o presidente da agremiação, Carlos Roberto dos Santos Ribeiro (Robertinho), a MUG levou 1.600 componentes para o Sambão do Povo, divididos em quatro carros e 19 alas. O enredo “Oby – O Imaculado Santuário das Lendas” foi desenvolvido a partir do olhar de um aventureiro holandês que, após um naufrágio no litoral capixaba, desperta em pleno santuário Oby.

"Trouxemos toda a magia, o misticismo e as tradicionais lendas do Estado, como o Pássaro de Fogo, que testemunha a criação dos montes Mestre Álvaro e Moxuara, a tribo cintilante erguida por Aimorés sobre pepitas de ouro, e perdida em algum lugar de Santa Teresa; e o paraíso das águas cor de esmeralda, no Caparaó", explicou o diretor de Carnaval: Jurandy Machado.

UNIDOS DA BOA VISTA

Boa Vista brilha e mostra a força dos talentos da música capixaba

"Voa nas ondas do rádio minha águia voa e baila no céu de notas musicais o mestre dedilhando a viola fez escola na canção da paz, mas olha...”.

Com o enredo "O voo da Águia anuncia: A festa é Boa pode chegar. Ao som de uma linda sinfonia a música capixaba celebrar", a Boa Vista, quarta escola a desfilar no Grupo Especial, na madrugada deste domingo (16), fez a alegria dos foliões no Sambão do Povo. 

A escola de Cariacica mostrou por que deseja tanto a sexta estrela. Foto: Leonardo Silveira/PMV

Pentacampeã do Carnaval de Vitória, a escola de Cariacica mostrou por que deseja tanto a sexta estrela. A agremiação fez uma bela homenagem à música e às bandas capixabas que brilharam e ainda se destacam nos palcos capixabas, no Brasil e até mundo afora. Roberto Carlos, por meio de seu cover, foi destaque de um dos carros alegóricos, que também fazia homenagem a Alexandre Lima e trazia outros músicos locais. 

A azul, vermelho e branco levou a boa música do Espírito Santo para a passarela e fez o público vibrar com um samba-enredo contagiante, encerrando o desfile sem qualquer incidente.

Foram quatro carros alegóricos, dois tripés, 20 alas e 2 mil componentes. Alguns dos artistas homenageados são: Maurício de Oliveira, Natercia lopes, Alemão do Forró, Mamíferos, Lula de Vitória, Carlos Papel, Amaro Lima, Manimal, Casaca, Macucos, a galera do Dia D, Xiru do sul, Beto Kauê, Andréa Nery e Edson Papo Furado, entre outros.

Sonho

"Sempre tive vontade de fazer essa homenagem à música e aos músicos capixabas. Deu certo este ano. Creio que consegui. E minha intenção foi não esquecer de ninguém, afinal é gente com muio estrada. Um desfile emocionante, que levantou a arquibancada e apresentou a história e o trabalho de nossos artistas com efeitos, harmonia e dedicação", comemorou o presidente da escola, Emerson Xumbreha.

“Me agarrei no trio da folia. Reggae, rap, funk em união. Anjo preto, o samba é oração. Espírito Santo chegou nossa hora...Olha que coisa mais linda mais cheia de graça da Bossa Nova vou a Jovem Guarda para recordar filhos no nosso chão pela correnteza acordes de rara beleza revelam uma nova geração...” Essa era uma das partes do samba que contagiavam a galera.  

Com criatividade, a escola encantou o público mostrando algumas das maiores riquezas do Espírito Santo:  a música, a cultura e o talento capixaba. Na apresentação, não faltaram os instrumentos característicos de cada artista. Muita cor e capricho na coreografia, nas grandiosas fantasias e nos grandes carros alegóricos para tentar mais um campeonato. (Com informações da Prefeitura de Vitória)