MEIO AMBIENTE

Projeto vai repovoar comunidade do jacaré-de-papo-amarelo

A iniciativa utiliza como base populacional os jacarés da unidade da ArcelorMittal Tubarão.

Em 21/05/2025 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: Leonardo Merçon/Divulgação

Parceria técnica e científica reúne esforços públicos e privados para criar modelo inédito que usa jacarés que habitam em área industrial para repovoar a sua população pelo Espírito Santo.


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O Espírito Santo está lançando um programa inédito de conservação ambiental, com a formalização de um Acordo de Cooperação Técnica para a criação de um projeto pioneiro de monitoramento, conservação e repovoamento dos jacarés-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) em Unidades de Conservação do Estado. A iniciativa utiliza como base populacional os jacarés presentes no cinturão verde da unidade de Tubarão da ArcelorMittal, onde está localizada a maior e mais saudável população da espécie no estado, para promover o repovoamento e garantir a sobrevivência de uma espécie em risco de extinção.

Coordenado pelo Instituto Marcos Daniel (IMD), em parceria com a ArcelorMittal, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEAMA), o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA) e o Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), o programa também visa criar um modelo replicável que integre conservação ambiental, educação e desenvolvimento sustentável.

Incubadora

No projeto, os ovos das espécies de jacarés que habitam as lagoas da ArcelorMittal, na Serra, serão levados para uma incubadora no Parque Estadual de Itaúnas, em Conceição da Barra, onde serão criados até um ano de idade e depois serão soltos no ambiente, promovendo o repovoamento nesta localidade e expandindo a presença do jacaré-de-papo-amarelo no Estado.


No cinturão verde da unidade de Tubarão da ArcelorMittal, está a maior população do jacaré-de-papo-amarelo do Estado. Foto: Mosaico Imagem/Divulgação/(By ArcelorMittal Tubarão)

O jacaré-de-papo-amarelo, espécie símbolo da Mata Atlântica e registrado como “Em perigo” na Lista Estadual de Espécies Ameaçadas de Extinção, desempenha um papel fundamental no equilíbrio dos ecossistemas aquáticos e terrestres. Com duração prevista de até 10 anos, o projeto prevê ações como monitoramento ecológico, repovoamento com exemplares nascidos em ambientes protegidos, educação ambiental e formação de pesquisadores. Além disso, busca envolver a sociedade em práticas de conservação e promover a restauração de habitats.

Para o gerente geral de Sustentabilidade e Relações Institucionais da ArcelorMittal, Bernardo Enne, o projeto de conservação representa uma oportunidade de inovação e compromisso com a proteção ambiental.

“A sustentabilidade é um valor na ArcelorMittal e está em nossa prática diária. Este valor é comprovado com a nossa produção responsável de aço, certificada pelo ResponsibleSteel, um programa independente e que garante uma produção de aço de acordo com princípios de sustentabilidade e respeito ao meio ambiente. E a nossa parceria com o Caiman reforça esta nossa atuação responsável. Este projeto reflete nosso compromisso com a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento sustentável, conectando-se com nossas práticas de ESG. Além de proteger uma espécie em risco, ele exemplifica como empresas e instituições podem colaborar para a preservação de nosso patrimônio natural.”

O secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Felipe Rigoni, também considera a cooperação entre diferentes setores fundamental para o sucesso de iniciativas de preservação.

“Temos muito orgulho de iniciar este que é um modelo extremamente inovador de sustentabilidade e proteção de espécies ameaçadas de extinção. Trata-se de um verdadeiro exemplo para o mundo. A conservação da natureza e o desenvolvimento econômico e social podem caminhar lado a lado. Estamos engajados, unindo os diferentes setores da sociedade, para impedir a extinção do jacaré-de-papo-amarelo e promover a melhora da qualidade dos ecossistemas capixabas.”

O coordenador do Projeto Caiman, Yhuri Nóbrega, acrescenta que o programa é o resultado de um trabalho contínuo de pesquisa e proteção.

“O uso dos jacarés do cinturão verde da ArcelorMittal como população fonte para o repovoamento demonstra como ciência e sustentabilidade podem caminhar juntas. Essa iniciativa vai além da preservação da espécie, permitindo que educação e conscientização ambiental alcancem a sociedade de forma significativa.”

Para Bruna Legora de Paula Fernandes, promotora de Justiça e dirigente do Centro de Apoio Operacional da Defesa do Meio Ambiente do MPES, fazer parte do projeto de proteção aos jacarés-do-papo-amarelo é a materialização do dever constitucional.

"Fazer parte desse importante projeto de proteção aos jacarés do papo-amarelo é, para nós, a materialização do nosso dever constitucional de proteger o meio ambiente, garantir o direito dos animais e a biodiversidade. Nesse sentido, o Ministério Público do Estado do Espírito Santo busca cada vez mais estabelecer e fortalecer parcerias com os órgãos públicos, entidades civis e setores da iniciativa privada, por acreditar que a atuação articulada é extremamente eficaz para o alcance de resultados mais céleres à proteção ambiental. Preservar a fauna é preservar a vida.”

Além das ações de proteção e educação, o projeto prevê o acompanhamento dos resultados obtidos, como o aumento da população de jacarés-de-papo-amarelo nas áreas de repovoamento e a redução da taxa de mortalidade. As ações desenvolvidas pelo IMD, em parceria com a ArcelorMittal, também contribuem para o alcance de seis dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, incluindo educação de qualidade, ação climática e preservação da vida na água e na terra. (Com informações da Asimp)

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